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Marginalização Social

Artur Gonçalves 2004,

A Problemática da marginalização social

O crescente aumento do fenómeno da marginalidade , e as suas nefastas consequências, tem suscitado, nos dias de hoje, a inquietação da grande parte da massa critica , que participa de alguma forma no processos contemporâneos de cidadania.
A nível sociológico a marginalidade é entendida como um desvio às normas do controlo social e um afastamento por parte de minorias das relações socioculturais que regulam o tecido social envolvente.
É de frisar que a marginalização social não é um fenómeno novo da nossa sociedade, ou da sociedade em geral, mas apesar disso está muito longe de ter visto diminuído a sua importância, pelos grandiosos danos que causa à sociedade em si. E também está longe de ter uma solução à vista, que permita activar o seu controle e diminuição em geral, de forma eficiente.
De resto todos os dias, todos os anos surgem casos novos de marginalização social para os quais o Estado e a sociedade civil têm de procurar soluções, em ordem a tratar os seus efeitos, e limitar o seu alastramento.
A Problemática e a dimensão da marginalização social é agora de tal modo relevante, que o estado com o seu peso influência e determinação, outrora entidade afastada deste problema , tem de intervir afim de não permitir que o seu alastramento cause problemas, não só à sociedade do presente , mas também à sociedade do futuro.Embora se caminhe no sentido de entender a marginalização, analisando sempre as suas causas e as consequências, as soluções são quase sempre uma tentativa por parte do estado de harmonizar este problema, com políticas de integração social, que devem funcionar como apaziguadoras para esta verdadeira patologia.
A solução está longe do alcance de uma ciência exacta, poderá antes ser compreendido pelos estudiosos da componente humana e comportamental, onde aqui as opiniões podem ser divergentes e controversas.
Ainda há bem poucos anos a marginalização social era uma preocupação exclusiva, das organizações sociais, encabeçadas pela igreja Católica e por grupos e associações de pessoas que tinham por ocupação o “bem-fazer”. Hoje em dia o seu impacto é tão marcante, que o problema da marginalização, sai do foro exclusivo destas organizações e entra também na actual preocupação dos governos que tiveram que juntar esforços em sinergia com estas organizações, para melhor se poder enfrentar esta “ferida aberta “ da nossa sociedade.
Há aqui um esforço grandioso, por parte de todos, que levará muito tempo a desenvolver.
O objectivo deste trabalho não é dar uma solução imediata a este problema, mas antes sim suscitar e reforçar a inquietação a todos que possam ler este trabalho, com vista a despertar uma reflexão aprofundada nesta matéria.

Caracterização da Marginalização Social

Marginalização social, desvio social ou desadaptação são conceitos que catalogam as pessoas ou indivíduos cujos actos e conduta saem dos quadros estabelecidos pelo contexto sócio-cultural. São comportamentos individuais ou colectivos contrários aos modelos sociais e as normas instituídas. A nível psicológico a marginalidade é entendida em referência a desequilíbrios psico-afectivos, emotivos e comportamentais que tem como consequência uma “autofuga” do grupo pelo indivíduo, que busca então um novo esquema de escape pessoal, normalmente o de degradação do sujeito, tal como a delinquência, a prostituição, a droga, o banditismo, o “Hooliganismo” ou fenómenos das claques , os gangs , o alcoolismo, mendicidade, e até a exclusão social , dos deficientes mentais e motores ,
A mendicidade etc. A marginalização social é um fenómeno da maior actualidade que apesar de sempre ter existido, ao longo da historia e em todas as civilizações teve um maior desenvolvimento desde a revolução industrial.
No tema a seguir tentaremos descrever de forma vertical, as suas causas no qual no nosso estudo encontramos dois tipos, as que estão relacionadas as próprias limitações da estrutura e organização social actual e logo do os aspectos intrínsecos do grupo, e as questões relacionadas com o próprio comportamento individual e logo aspectos inerentes ao comportamento do indivíduo. Tentar-se-à pois demonstrar que esta dupla nuance, de desadequação do indivíduo ao grupo, e do grupo ao indivíduo e suas articulações dialécticas, são a raiz da marginalização social.

Causas relacionadas com as estruturas da organização social

Quanto a este tópico procuraremos encontrar alguns factos actuais que
Entendemos como catalisadores, e que potenciam em muito, proliferação do fenomeno de Marginalização social

a) Desemprego Involuntário:
Foi na Inglaterra, na França ou Portugal quando se fez sentir a revolução industrial quando se foram criando bolsas de desempregados involuntários resultados da crise do sistema económico da superprodução ou da diminuição do consumo, Lançando muitas pessoas no desemprego.
Culmina para o Indivíduo na ausência de expectativas de realização pessoal, na incapacidade de satisfação intelectual, e no pior dos casos segundo Maslow na incapacidade até de suprir certas necessidades básicas, dada as grandes dificuldades financeiras.
O desemprego involuntário é como que uma porta aberta, ao clima de frustração pessoal , acompanhada por uma menor atenção por parte de um grupo, cada vez mais marcado gradualmente por acções egoistas e individualistas.

b ) Imigração:
Alem do desemprego a imigração contribuiu com outra quota parte para a marginalização assim como as etnias minoritárias e outros pequenos grupos que por causa da cor, da raça ou religião, levam ao fenómeno da xenofobia que teve o seu climax entre as duas grandes guerras mundiais, do qual podemos referir o aparecimento do anti-semitismo etc.


c) O desagregar da célula Familiar :
Também podemos apontar a crescente desagregação da célula familiar defendido por alguns como sendo, a base de toda a sociedade, impelido por uma lógica de aumento trabalho, que surge no grande fenómeno dito de globalização.
Propicia que no seio de um casal, os filhos deixam de ter a atenção directa dos pais, lançando-se na descoberta de vícios perigosos.
Serão estes então o germe da desadaptação social que, ou não conseguir-se imbuir num grupo e nas normas da sociedade, ou mantendo um desvio em relação ao caminho traçado pelos modelos de comportamento de entre destes , estarão no futuro desalinhados com a sociedade em geral.

Nota : Todas estas manifestações de marginalização tem em comum,
a sistemática de uma minoria ou pequeno grupo, que prefere manter-se à margem da sociedade entendida como normal, com condutas próprias e comportamentos geralmente não aceites.

Causas comportamentais inerentes ao individuo

O desvio social é uma consequencia do comportamento do individuo , este é sem duvida a causa raiz do problema da marginalização, do qual podemos enunciar os seguintes comportamentos:

a) O Inconformismo social: inconformismo é uma tendência que o individuo tem de não seguir o que está socialmente prescrito, é oposição ao conformismo.
Ex: aquele indivíduo que veste de maneira extravagante, ou que apesar da educação que recebeu referente a certos valores ele não os considera e cria os seus próprios valores. Isto é o resultado de uma socialização insuficiente ou por o individuo vive ou viveu numa situação que considera injusta.

b)A Inovação social: Entende-se por tal o comportamento daquele indivíduo que embora aceite os valores instituídos, como por ex o conforto a riqueza mas não utiliza os meio que a sociedade prescreve para os atingir, o trabalho, o esforço, a seriedade ex: as máfias, passadores de drogas etc.

c) Retraimento social: é o comportamento social daquela pessoa que recusa tanto os objectos propostos pela sociedade a que pertence como os meios disponíveis para os alcançar ex: os toxicómanos, os alcoólicos, os vagabundos, etc.....


Reflexão para um novo modelo de Pensar

A marginalização social cujas as origens já foram identificadas; desemprego, imigração, pequenos grupos sociais que se mantém a margem, é como um chapéu de miséria que une todos estes indivíduos.
Hoje com o fenómeno da globalização estes pequenos grupos tornam-se mais prolíferos e possuem a uma grande propensão para crescerem.
São raízes destes comportamentos a evasão social baseada na rejeição da moral estabelecida, acusando-a de falsa hipocrisia ou alcunhando-a com outros defeitos.
Ainda como causa da marginalização são a adopção de certos modelos sociais, económicos ou financeiros, difíceis de atingir mas que os meios de comunicação social ao serviço da publicidade, teimam em transmitir , e onde muitas pessoas na perspectiva de conseguirem a “realização pelo supérfluo”, enveredam por aventuras desastrosas que os conduzem a sua própria ruína económica.
Este apelo ao consumismo, aos ideais de riqueza, ao imitar dos estilos de vida que os meios de comunicação nos difundem a todo o momento com programas de publicidade violentíssimos, seduzem muitas pessoas, onde as levam por caminhos cujo o desenlace nem sempre é o esperado qual quimera que logo se desfaz , quando se acorda para a realidade.

Os efeitos destes comportamentos como já vimos são a marginalização inicialmente social. Formando-se pequenos grupos que devido a sua homogeneização são factores de fácil filiação a um grupo maior.
Estes grupos marginais criam um feedback em forma de avalanche, isto é alimentando-se uma vez, tais pessoas ou grupos marginais reagem auto-marginalizando-se, cada vez mais, isolando-se da sociedade procurando protecção e apoio no próprio grupo.

Resultam em termos genéricos de uma personalidade marginal, que nem está completamente dentro do sistema social, nem completamente fora dele. Esta situação fronteiriça produz facilmente conflitos de normas
Designadas por ( anomias ) e logo aos desvios de comportamentos , pois os marginalizados estão submetidos à pressão e controlo de dois ou mais sistemas culturais .

As suas causas , são reflexo por um lado da pressão ambivalente ou divergente de dois ou vários sistemas culturais, família e ambiente social, escola, grupo de amigos “underground”.
Por outro lado de perturbações psicológicas e psíquicas vividas no período de aprendizagem e socialização, a adolescência.
Também podemos referir neste processo algumas deficiências físicas mais aprofundadas, do invisual ou deficiente, motor.
As organizações que lutam contra este fenómeno, terão que ter um novo
Olhar sobre o problema:
- Terão que ter como virtude, uma forte propensão para tentar homogeneizar os vários sistemas culturais, unificando-os num só, tarefa que é árdua, mas que deve no nosso entender, ter prioridade.

Exemplo: a família terá que ser apoiada por estas organizações, onde os pais quais deverão assumir a hegemonia no processo educativo ou de integração, transmitindo aos filhos os ideias de bem, de boa conduta,
de honestidade, transparência e integridade para os seus filhos.
Ao contrário do que acontece hoje, onde estes relegam este papel para os educadores a quase total responsabilidade pelos educandos.
Se queremos construir uma sociedade mais justa e equilibrada, estes valores
devem ser enraizados na célula familiar, a base de toda a sociedade.
Por outro lado dever-se-a congregar esforços entre os pais, os verdadeiros encarregados de educação e os pedagogos ou educadores, no sentido de detectar em tempo útil as perturbações psicológicas e psíquicas, que resultam do período de adolescência, deste papel nenhuma das partes se poderá alienar. O encaminhamento ao psicólogo deve ser imediato, logo que uma das partes se confronte com estes desvios. Os políticos deveriam também, ter um discurso mais próximo ao sucesso das familias, ouvindo oportunamente o projecto de vida que os casais idealizaram e planificaram para o seu futuro. Estes casais poderiam
ser consultados, pelo governo e outras organizações, que analisariam e intercediam nas dificuldades que dai pudessem decorrer.
Afinal de contas esta poderia ser a forma do estado consultar e tratar a saúde da sociedade, do seu comportamento em geral.
Dar ocupação , aos que não possuem um projecto de vida, por ex: vigiando e limpando as matas, nomeadamente no verão, período onde imperam os incêndios de origem criminosos.
Fomentando mais instituições que tenham como missão a palavra cristã,
Ex: Portugal, tal como outros países europeus possui uma elevada taxa de envelhecimento populacional, onde poder-se-a criar inúmeros bolsas de empregos relacionados, com auxilio destes cidadões, permitindo
às futuras gerações, uma maior proximidade entre às gerações contemporâneas, sendo obvio o beneficio na homogenização dos valores culturais entre ambas.


Bibliografia:
“Relações Humanas” , rio janeiro , Aurora, 1965 , Barcelos F.A.V.F.
“Psicologia social” , Lisboa ed 70, 1994 Leyens , J.Ph “Os jovens Marginais”, ed. Noticias, Lisboa , 1980 Mury, G.